terça-feira, 7 de agosto de 2007

Voltas da vida: um reencontro

Hum, saudoso tempo de estrada
donde via raiar o dia,
donde via dormir a madrugada
ora amena, ora fria,
com seu encanto sempre me embalava.

A meu lado aprazível companhia,
de deixar minha face toda iluminada;
com suas palavras trazia alegria
e o dia, mais rápido se passava.

E então o tempo caminha
e de novo me traz a presença querida,
porém mais forte do que se tinha.

Agora o sorriso foste transformado pela vida
e de peito aberto, exclamo de forma alterosa:

a companhia é ainda mais prazerosa!

{Rafael Lucas Pires}

Vida-estrela

Olhou aos céus
e percebeu a força do brilho das estrelas.
Transformou sua vida numa constelação.

{Rafael Lucas Pires}

Versos e vida

Por tempos estive perdido
bradando canções de exílio
soltas ao céu, multicolorido,
num apelo por auxílio.

Triste vagava à noite,
coberto de dor em meu peito;
sentia na alma o açoite,
tirava da dor meu proveito.

E de repente tu chegastes
levando pra longe aquela dor,
arrancando de mim os meus desgastes.

Trouxe-me a presença do amor.
E deixou-me, com sua partida,
apenas versos e vida, versos e vida.

{Rafael Lucas Pires}

Realidade

Quem és tu
que chega no embalo da noite,
que traz em seu peito o açoite
da época não tão viril,
dos tempos deste covil?

Quem és tu
que de sorriso tão emblemático,
amarelo, escondido, apático
põe a penúria de forma furtiva,
pois a censura, ainda ativa,
não lhe permite não ser estático?

Quem és tu
que recebe o óbolo agradecido,
crendo na obrigação do donativo
eis que sempre, como plágio,
destinou ao domínio o seu sufrágio?

Tu és quem?

Oras,
muito bem sei exímio indagador
que é mais fácil criticar minha dor
que uma solução encontrar para mim.
Sou aquele que partiram as esperanças,
porém não as responsabilidades.
E para sustentar minhas crianças
conto com as pseudo-bondades
que o meu voto, vendido, traz assim.

{Rafael Lucas Pires}

Tristeza

Quando deparo-me com esse mar de destruição;
com esses escombros empilhados ao chão;
com esse povo que sofre a abnegação;
com essas crianças que vivem na desilusão;
com esses governantes imunes de compaixão;
com essa miséria isenta de erradicação;
com esse mundo longe da pacificação;
com essa fome sem previsível reversão;
com essas pessoas em constante peregrinação;
com esses fiéis orando em genuflexão;
com esse poder que exerce a dominação;
com esses papéis recobertos de adulteração;
com esses pobres sem a devida alimentação;
com esses poderosos distantes da humanização;
com esses seres repletos de ingratidão;
com essa vida em incessante perseguição;
com essa felicidade em freqüente suspensão;
chego na seguinte conclusão:
nem tudo está perdido não.
Lutemos para viver fora de tamanha privação.

{Rafael Lucas Pires}

Teresa

Com aquele rebolado,
como um prato que se põe à mesa,
sempre deixa-me fascinado.
Lá vem vindo Teresa.

Com seu som desafinado,
espantando qualquer tristeza;
vem cantando a todo lado.
Lá vem vindo Teresa.

Com seu cabelo enrolado,
detentora de muita beleza;
joga-os aos ventos, me deixa encantado.
Lá vem vindo Teresa.

Com seu jeito engraçado,
demonstrando sua esperteza,
anda com seu belo vestido, balançando o rodado.
Lá vem vindo Teresa.

E quando distraio minha vista para o lado
não vejo que por mim passa tamanha grandeza;
todo dia aqui, imóvel e calado
só para ver passar minha Teresa.

{Rafael Lucas Pires}

Seus negros olhos

Quando defrontei-me com seus negros olhos
e pela primeira vez vi sua face rosada,
senti que você acabaria com meus abrolhos
e para toda a eternidade seria minha musa idolatrada.

E a cada instante, mais te venero,
mesmo sabendo que a outro pertence;
mas ainda assim te espero,
pois meu sentimento, tão cedo não se vence.

E sinto um desejo tão forte
de tocar os meus em seus doces lábios,
nem que espere até minha morte.

E serei paciente, como os grandes sábios,
aguardando você com meu amor escondido;
pois sem essa esperança, minha vida não mais teria sentido

{Rafael Lucas Pires}