sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Estrela

Olho aos céus e vejo uma estrela. Única. Unipresente. Sinto que ela reciprocamente me observa. Tento me esconder, pois o medo me toma. Tentativa frustrada; ela me persegue com seu olhar fulminante. E de repente, começa a me mostrar atrocidades. Vejo nela a miséria, a raiva, a tristeza, o ódio, a impunidade. Vejo dor. Ela tenta disfarçar o que me mostra, e às vezes até consegue. Porém, observando-a com os olhos da verdade, só vejo as atrocidades. Ela não mais me engana. Tenta, mas não me engana mais. Sei e sinto que sua órbita é um manto de mentiras. Me decepciono. Tamanha sua beleza e o que fizeram contigo, ó estrela. Assassinaram sua pureza. Desmantelaram seu ardor pela vida. E o sentimento que me toma agora não é o temor de outrora, porém sim pena. Estás destruída estrela. Destruíram-te. Destruíram-te. Destruíram-te. Tu não tens mais a esperança de uma vida honesta. Tens de ser indigna para manter-se acesa. Tua luz da verdade já se apagou. Queimaram os focos da tua dignidade. Mas espera: tu és uma estrela, não tens vida própria. A luz que te alumia não é sua. Então como posso enxergar-te? Como posso enxergar tudo o que me mostrou? Sim, tu não és uma estrela. É um espelho. Apenas reflete o que vê lá de cima.

{Rafael Lucas Pires}

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